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FRANCISCO MOROJÓ
( PEZÃO )
Nasceu em Patos, Paraíba, Brasil.
Músico, poeta, teatrólogol “e outra mungangas”.
Anarquist, socialista, futurista, lobo incendiário, guerrilheiro e manequim.”
Crióu com outros companheiros a Banda Paribola, considerada hoje patrimônio musical do Distrito Federal.
Autor do livro — O Anarquismo é Socialismo (poesia).
MENEZES Y MORAIS, org. Mais uns: coletivo de poetas. Brasília: 1997. 200 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
A LUA É DOS OPERÁRIOS
pro Amargedon & Menezes y Morais
A lua cinzenta e friorenta
que eu fraguei no
inverno em Ouro Preto
é dos garis de São Paulo
A lua infernal e fogueirosa
de Aragarças e Barra do Garça
essa sim é dos camaradas
que lambem o chão dos palácios em Brasília
A lua ovini
fenomenal que parecia
cair pra riba da gente em Mumunhas
é dos companheiros das Embrapas
A lua triste e longínqua de Diamantina
é dos passistas e bicheiros suburbanos
A lua seca e cheia e
estrelada dos sertões paraibanos
é dos operários portuários
Não sabe o poeta imberbe e bêbado
que antes da tuberculose
e da febre berra-berra
e das madrugadas perdidas
que esse e todas as luas
sempre foi
e será sempre
dos trabalhadores do mar
O homem que amanhece
e anoitece sem luneta
sem astrolábio e sem bússola
conhece todos os mistérios da lua
Esse sim
é o poeta natureba
o pescador e o jangadeiro
Esses sim
são os verdadeiros
e únicos namorados da lua
SOU NEGRO
Nunca fui barrado
e nem cuspido
nem interditado
ou impedido em festas
ou elevadores
No dia em que for
arrebentarei com todas as portas
a começar pelos palácios
Estúpidos piratas
que nos roubaram
da terra ensolarada
E nunca afundamos nenhum navio
E nunca matamos nenhum Capitão
Minha gana e minha fome
são os xexos
que rolam das montanhas de Zumbi
Minha liverdade é uma funda
que atira pedras dos Palmares
NA PARADA CENTRAL
Ceilândia você não me engana
te cruzo dia e noite sem muamba
Choro a dor dos moribundos
morrer na fila de teu hospital
rememorando teus trambiqueiros
falso artista que te engana tão mal informado
traficantes mequetrefes de fundo de quintal
Cei paradigma do mundo
toda quadra tem um artista (anônimo)
Pense nos teus candangos
que nunca foram no plano planejar
Teu (herói) não é Gregorinho!
E sim teu povo morrendo
nos canteiros da construção cer-vil
Falar nisso cadê o Morbekinho
que roubou toda grana de tua cultura?
Cei nunca te enrolei na feira do rolo
Todo mundo te fala que vai te limpar
Tu sois um cristal de marfim lapidado
de Poetas, Cantadores e Forrozeiros
a Capital nordestinaa do Brazil
Cadê teus blocos teu capital?
Tuas fábricas fantasmas
no fabricam mais boçal
Cei empregarei todo seu povo
nas minhas fábricas de sonhos
onde meu coração será relógio de ponto
e os meus pensamentos a cartilha dos analfas
para enxoviar tua pinga-de-alan-brigo
Cei eu sei de teus peguinhas
fins de semana farol pneus carros amassados
e jovenzinhos no mármore do IML
CHEIRANDO NA MANHÃ
pro Donne Pitalurgh
O poeta operário otário
não pita marijuana
porque ele entende
saca que os bacanas
não puxam cana
O poeta operário grande otário
não cheira universitária
porque seu patrão o reitor
só lhe permite as primárias
O poeta operário belo otário
não cafunga cocaína
porque o verdadeiro pó
que o extermina
é o pó das minas
O poeta operário
só vende honestidade
E aplica tudo
na virgem santa anarquia
POESIA ANARQUISTA :
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia%20anarquista/poesia%20anarquista.html
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